terça-feira, 5 de maio de 2009
Um adeus
Estava um dia de chuva. O sol à espreita como quem não quer aparecer. E a brisa de tão leve que era nem parecia vento. Na rua vazia o som da chuva a poisar no caminho fazendo círculos. Entrei no café de sempre. Procurei uma mesa ao canto onde pudesse ver tudo à minha volta sem que reparassem em mim. Cheguei mais cedo do que o combinado, talvez uma meia hora mais cedo. Ela chegou passado uma hora. Entrou. Aproximou-se calmamente pousando as chaves em cima da mesa e, sem me olhar desde que entrara, disse: "estou cansada de ti". Respondi-lhe: "mais tarde ou mais cedo toda a gente se acaba por cansar dos outros" Não me olhou, disse adeus e saiu calmamente, tal como entrára. Acabei de tomar o café já frio, gelado como o adeus e saí sem pressas. Entrei no carro, liguei a ignição, o rádio, arranquei em direcção a casa pelo caminho mais longo. Pelo caminho que nunca fizera. Pelo caminho que nunca esperaria fazer. Não tinha pressa. Hoje, também não tenho pressa . Quando chegar a casa, sei que não vou ter ninguém à minha espera.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Quantas vezes entrei no carro, liguei a ignição, o rádio e arranquei em direcção a casa pelo caminho mais longo. Também eu não tinha pressa. Quantas vezes esperei não ter ninguém à minha espera!!
Abraço
tens
Enviar um comentário