segunda-feira, 13 de abril de 2009

Nem tudo acaba mal

A solidão é sempre menos sentida quando a luz do reclame luminoso da loja do prédio em frente se acende e entra através da persiana semi-aberta e da cortina fina quase transparente, acomodando-se na sala, no tecto, no chão. Os objectos; os quadros, as cartas fora da gaveta, os livros, ganham um novo sentido. Dá-nos um novo olhar sobre as coisas quando pelas paredes escorre a luz espaçada do néon a caminho do chão. Lembro-me que foi numa noite não muito diferente desta que tudo aconteceu. Os dois deitados no sofá, a luz apagada e a televisão acesa com o som no mínimo, as nossas palavras os nossos risos. Dizes: "vou lá fora comprar cigarros." Eu espero. As horas passam. E tu não voltas, e eu à tua espera. Pensei: "não se parte sem dizer que não se volta parece mal e não é bonito." Mas foi isso mesmo que aconteceu. Nunca mais voltaste. Pensava que a desculpa dos cigarros era só coisa dos homens. Enganei-me. A partir de então sempre que levava um cigarro aos lábios lembrava-me de ti. Acabei por deixar de fumar. E nunca mais precisei de voltar a usar as bombas de Ventilan. Obrigado Sara.

3 comentários:

Maria Arvore disse...

:))))

Bem... há males que vêem por bem. :)

Silence disse...

Bendita Sara!

Fernando K. Montenegro disse...

Ipá...

Perdoa-me. Fuodasse! Brutal!